Eram por volta de umas 17:00, quando ia à padaria. Ao passar numa praça pude ver várias e várias pessoas; crianças, adultos, idosos. Umas falavam sem parar, outras gritavam outras caladas com uma boa expressão ou ‘ruim’. E foram essas caladas que me chamaram atenção.
Raríssimas pessoas hoje em dia sabem ser assim. Ser calada não significa ser tímida e muito menos chata. E calar não precisa ser ‘sempre’, em todas as horas; até porque falar e tagarelar é muito bom.(...)
(...)Acho que calar é um dom, ou uma qualidade talvez (em algumas vezes). Porque quando nos calamos ouvimos alguém. Ajudamos. Evitamos ‘confusões’... Quem cala não fala besteira. Não magoa o próximo. Quem cala geralmente é sábio, porque aprende a observar nos detalhes e sabe a hora exata de abrir a boca.
Quando calamos nos permitimos. Permitimos enxergar a vida, as pessoas. Saber suas dores, seus problemas, suas alegrias, sonhos, medos... Descobrimos novas formas de inventar sorrisos. Novas formas de colorir paisagens que antes eram preto e branco.
Quando calamos passamos a ter momentos melhores com Deus. Aprendemos a ouvi-Lo... A ver, aos poucos, o que Ele quer de nós. Aprendemos a esperar o tempo dEle em nossas vidas.
Quando calamos nos descobrimos atores, músicos, poetas, amigos, pais, irmãos. Vemos em nós, pessoas que dantes nunca imaginávamos existir. Conhecemo-nos melhor e vemos que, apesar de não sermos nada, somos muito mais do que nós mesmos pensávamos. Aprendemos a nos valorizar e dar valor ao que realmente importa.
Quando calamos, sentimos.
Nielly Paz
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